quinta-feira, 20 de outubro de 2011

sonho alado

sonho de pássaro by cláudio rodrigues
sonho de pássaro, a photo by cláudio rodrigues on Flickr.
Por entre os arbustos, escondido nas ramagens, o pássaro azul sonha o mundo, sonha o vento, sonha alturas, sonha asas contornadas com o dourado do sol.
No pouso breve de uma noite, um ser azul quer tocar o firmamento e virar uma super-nova.

sábado, 15 de outubro de 2011

davi admira a criação

"Agora eu era o herói".
Amanhã eu fui outro. Ontem eu vou ser mais corajoso.
O tempo não me pega mais. Juro por tudo quanto é menos sagrado que ele não me pega mais.
Agora eu fui o que nunca serei. E serei o que nunca vai ser.
Mas prometo, por tudo o que se move, promessa no duro mesmo, com mãos postas e tudo, feito criança diante do seu grande deus, prometo que o tempo não me ilude com suas promessas.
O que quero é não ser. Abandonar-me daquelas vontades que só me fazem ser pequeno. Abandonar-me do desejo de ser algo, de estar em algum lugar, de ver o que não compete a mim.
Se minhas limitações forem amáveis, e meu ego não se indispor, serei mais feliz como insignificante criatura na vastidão do universo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Para cima, pequenos gansos, colagem do autor
Hoje me deu uma vontade de curubijar ( ou será corubijar?) a vida de outro jeito. E a palavra que veio foi essa aí, da minha infância. Eu sempre fui um menino muito do curubijento. O que é do homem, o bicho não come: só outro homem. Nadar, nadar e morrer no seco é coisa de nadador estúpido. Quanto mais alto, menor a chance de escapar com vida. Porque dentro de mim mora um monstro, é que não dou por conta de mim. Nem peço perdão pelas coisas que não fiz. Nada.
Dia estranhamente suspenso. Sabe quando você acorda e sente que teu espírito está longe do corpo? Sou eu hoje. Definitivamente não estou. E nem adianta insistir. Suspensão total. Não há bondade nem maldade nisso, só a supensão infinita. E isso não é nada importante.
 

sobre asas e sonhos

Uma ventania rugiu na minha janela durante a madrugada e, com mãos cíclicas quase quebrou a vidraça. Uivos lancinantes ecoavam amedrontando as árvores. As estrelas sumiram num instante sob um toldo cinzento. Acordei todo nublado.
Minha casa anda tomada por seres alados. Há muito tempo é assim. Eles vêm não sei de onde, entram pela varanda e voam labirinticamente pelos cômodos. Às vezes, pousam nas frisas da janela e ficam ali, observando o que os humanos fazemos. Sinto que eles nos olham com uma certa piedade e admiração. Piedade porque, grandes que somos, nos tornamos pequenos na ausência de asas. Fiquem aí, camaradinhas, e me emprestem suas asas para o meu sonho.
 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Projeto Lendas


Meus alunos da EJA do São Vicente de Paulo (Cosme Velho), contaram lendas que ouviram dos pais, escreveram os textos, montaram cenas, gravaram a voz e eu fiz a edição. Que tal?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CORVO/URUBU: O encontro

Um corvo londrino nasce na boemia, vive como um dândi, declamando poesia e tocando seu violino. Seu maior desejo é ser reconhecido como poeta.

Mas um dia descobre que os corvos são criaturas malvistas pelos poetas, por serem sinal de mau agouro e infortúnios. Transtornado, ele brada; "Never more!!!". Nunca mais ele fará poesia. E parte sem rumo. É assim que a ave vai parar em algum lugar do sertão brasileiro e se depara com o mestre Urubu, um poeta popular, repentista, que tem muito a ensinar ao Corvo sobre as artimanhas do sertão.

Meu novo livro, a sair em breve pela Confraria do Vento. Uma narrativa em poemas a modo de epopeia. Ou seria saga?