quarta-feira, 7 de maio de 2008

Sobre água, ponte e barco


Que eu seja ponte. Uma ponte feita do material mais firme para suportar o peso da vida. Uma ponte serena a serviço da unidade. Uma ponte ligando caminhos e desfazendo abismos. Uma ponte que, na sua missão de ser caminho sobre a água, age silenciosamente ensinando o valor do silêncio. Uma ponte que avisa ao caminheiro que as águas sob si também merecem respeito.
Que eu seja água. Água transparente a ensinar o valor da integridade. Água mansa a calma, sem pressa, percorrendo o curso, sem ânsia de chegar ao oceano. Água revolta também, para mostrar aos barcos que em mim navegam o preço da conquista. Água benfazeja, alimentando de esperança outras vidas. Água generosa, a refletir duplamente céu e terra, mostrando que meu corpo é a morada de outros mundos.
Que eu seja um barco. Um barco humilde, porém firme, com vela sempre hasteada para receber os ventos imprevisíveis. Um barco que se deixa singrar na calmaria, sabendo esperar; e que não se abala nas tormentas.

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