Descobertas

Descobri que não preciso
ter asas para voar,
malas para viajar
nem dormir para sonhar
Meu pensamento é veloz
me torna sempre capaz
de ousar.

Descobri que o infinito
não cabe na minha régua.
Por isso vou dar uma trégua
e deixar a exatidão.
O que quero é caminhar
sem ter pressa de chegar...
pé no chão.

Descobri que a Coragem
do Destino é companheira
me convidam para a ceia
e preparam farta mesa
Me acolhem com a verdade
me alimentam de vontade
benfazeja.

É preciso cantar...

Veja essa divina interpretação da Ivana Domenico, em "Marcha de Quarta-Feira de Cinzas".É um trecho do musical "Sassaricando, e o Rio inventou o carnaval", que fez muito sucesso em 2007. Vale à pena comprar este DVD. É da Biscoito Fino.

Bloco da Alegria

Ô, menino amuado
Birrento como o quê
corre logo para a rua
limpa a cara e vem me ver.

Minha cara é tão bonita
sou o palhaço Barnabé.
Um, dois, três, dá um sorriso
pule agora só num pé.

Só num pé, pe-re-re-pe-pé
Olha o Zé pe-re-que-té!

Ô, menina cara dura
Deus me livre de você
desamarra essa tromba
alegria pra valer!

No meu bloco só tem gente
Que dá gosto de ser ver.
Mostra os dentes, pisca o olho
Vamos logo guarnecer!

você vai ver, ce-re-re-ce-cê
como é bom-bom-bom viver!

O calango em apuros

Veja este Morte e vida calanguina.

Para escapar da morte na seca nordestina o Calango Lengo apela para a mãe de todos. A animação é uma espécie de Auto da Compadecida. Divirta-se:

CALANGO LENGO AQUI

Vamos construir uma casa?

Tam, tam, tam, faz o martelo
Rot, rot, rot, vai serrote,
Zim, zim, zim, é a furadeira
erguer a casa dá uma trabalheira.

Zas, zas, zas, a pá agita
faz massa com cimento e areia
com o choc, choc, choc da colher
a casa vai ficar logo de pé.

Chec, chec, chec, o pincel
colore de alegria a parede.
cloc, cloc, cloc faz a telha
ao se encaixar no teto bem faceira.

Blem,blem, blem é a campainha
tic,tac, tic, a hora avisa
tum, tum, tum: tudo é chamego
é o coração sambando no aconchego.

Pre-visões para aquários quebrados

Não é estranho que de repente coisas que nos pareciam tão insignificantes passem a ter relevância? Um quê de nada, vira um gigante... Meu signo anda me dizendo cada coisa... Como isso, por exemplo: "Como na canção de Bob Dylan, hoje "você não precisa do homem do tempo para saber de que lado o vento sopra". E ele está soprando forte." (site Uol).

E veja se isso não sinaliza algo: "A quantidade de energia que está recebendo é tanta que você deve tomar cuidado para não se deixar desequilibrar...Procure se harmonizar praticando exercícios, ou mesmo algo que acalme o turbilhão astral que toma conta de você de repente. " (site Terra)

Um me diz para cuidar da direção do vento, o outro me pede hamonia. Resumindo: Uma ventania pode me derrubar. Só preciso cuidar para que os medos não rodopiem comigo. Será que a resposta está soprando no vento, como a canção de Dilan?

Acho os esotéricos de uma poeticidade estonteante. Atrevo-me a quase obedecer a voz dos astros, para me poupar. Que mal pode haver nisso? Vento, voz, medos, Calma... Os opostos trazem a mais bela harmonia. Aquarianos, somos de ar, mas não nos é permitido ser furacão, nem calmaria... A ordem é equilíbrio. Então tá!

O que é belo, grande, santo e justo...

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado.

Não quero combater,
Não quero ser soldado.
— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
(Belo belo, Manuel Bandeira)

Belo e bélico: de natureza tão antagônicas e sonoramente iguais. Suspeito que essas duas palavras sejam até irmãs, filhas de Bellum. É com essa suspeita que teimo em entender esse, que para mim é um dos mais lindos poemas brasileiros: belo belo. Dois belos? Um é o estado contemplativo, o outro ação. Um é unidade, o outro separação. Não é assim o humano? Um paradoxo? O belo é belo. O bellum é belo e bélico. A guerra dentro do humano. Não há nada mais pavoroso e belo do que a explosão de uma estrela. Vida nascendo... promessa. Não há nada mais repulsivo do que explosão de uma guerra. Vida que se vai... fracassos. Temos o fogo de constelações que há milênios se apagaram, diz o poeta. O fogo que já não mais existe está em nós. O interior do humano é pior do que o mais feroz vulcão em erupção. O humano é belo e bélico.

E eu faço como o poeta: só quero sentir, viver e amar de forma absurdamente simples. Amém!!!

Terra do boi

Acabo de voltar da terra do touro encantado. Terra de gente simples e cheia de riquezas. Por terem nada, eles têm tudo. E como as crianças brincam ali. Coisa que outras crianças, na cidade, já perderam: o sossego, a liberdade... ali é fácil ser criança, protegido por água por todos os lados. Quando nao se está nadando na maré, a brincadeira é correr pelos cajuais, ou jogar bola no campinho, ou deslizaar com a ajuda de uma tábua nas dunas branquinhas e cair na água. E às noites, quando muitos descansam, se você for corajoso, pode ver o touro negro encantado galopando nas dunas reluzentes de luar. Ê terra de magia... fica difícil voltar à realidade...

A fome e a sede dos outros

Daqui a pouco, logo no dia 2. E meu coração é puro caos. Um misto de medo, encantamento, fascínio... Cresci vendo colocarem lamparinas e velas acesas nas portas e janelas, ao entardecer do dia 2 de fevereiro. Era para Nossa Senhora das Candeias. Eu sempre brinquei com fogo, adorava o perigo da chama, a transparência, aquela febre. Agora ando fascinado com água. Tudo na minha vida tem a ver com água: ilha, mar, rios, Iemanjá, encantados, estrela-do-mar, Heráclito, Gregos...

Só peço duas coisas: que eu seja luz, para mostrar caminhos e água para matar sede.

Amém!