quinta-feira, 29 de maio de 2008

JA-BU-TI


******Sempre fui fascinado por jabuti. Que bichinho mais esquisito! Na verdade, eu tinha medo da cara dele, que parecia uma cobra velha, desdentada. Por isso, evitava olhar à cara. Mas o casco... sonhava em ser jabuti só por causa do casco.
******Tínhamos três jabotas no quintal de casa. Dois grandões e um filhotinho. Sempre que ia dar banana a eles, me entretia contando os tijolinhos que formavam o casco e viajava. Lembrava da estória do jabuti que teimou em voar para ir a uma festa no céu. Resultado, despencou bonitinho e quebrou-se todo. Até que ficou mais bonito assim, como o piso de uma casa. Na casa de jabuti, ladrilho é telhado.
******Nas brincadeiras, a gente cantava uma musiquinha muito engraçada que fala da dificuldade do jabuti para descer da árvore: "Jabuti sabe ler, não sabe escrever; ele trepa no pau, não sabe descer. lê, lê, lê, lê..."
******Uma vez, sonhei que tinha virado jabuti. Não consegui completar o sonho todo, de tão cansado que fiquei, carregando a casa nas costas. Acordei com o pescoço dolorido de tanto que escondi a cabeça para me proteger dos outros bichos. Nunca mais pensei em ser um bicho desses.
******Já adulto, outro jabuti me fascinou: o do prêmio dos escritores brasileiros, com alfabeto nas costas. Está na minha história: um dia ainda vou ganhar um desses bichinhos aí. Ah, vou!

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