domingo, 7 de junho de 2009

O Deus da mãe do menino


Uma coisa intrigava o menino. Toda vez que a mãe o levava até a igreja, ele fitava aquele homem quase nu estendido numa cruz, com uma cara de dor. Os grandes, todos de joelhos, diante daquele homem sofrendo.
- Ajoelha, filho... – diz a mãe, baixinho.
- Por que, mãe?
- Para adorar Nosso Senhor, pregado na cruz...
- Por que ele tem que ficar pregado aí? - pergunta a inocente criança.
- Para nos salvar, filho... – diz a mãe, num sussurro, para não incomodar a oração dos outros.
- Nos salvar, mãe? - repete o garoto.
- Sim, ele morreu pra que a gente pudesse viver. Mas ele é Deus, viu...
- E Deus morre?
- Ele morreu, mas depois ficou vivo novamente.
- Mas todo Deus não é imorrível, mãe? Tipo superman, homem-aranha, ex-man...
A mãe ria baixinho.
- Esse é um Deus especial, filho. Porque é verdadeiro.
- E os outros são falsos?
- Bem, ahan...Foram inventados...
O menino não ficou convencido, mas ajoelhou. Seus olhos miraram os olhos quase fechados daquele homem na cruz. Não era um super-herói que estava ali, definitivamente. Era o Deus da mãe do menino. Um Deus fraquinho... O menino se pôs a pensar alto.
- Mãe...
- Que foi?
- Se esse Deus fosse o Superman, ele voava bem forte em volta da Terra, e não deixava ser preso. E se fosse o Homem-aranha, ia jogar os bandidos na teia e saía na boa. Se ele fosse um ex-man, congelava ou trucidava com fogo os inimigos...
- Mas esse Deus tinha que morrer pra provar ao mundo que era Deus.
- E ele não podia provar ficando vivinho? Igual os super-heróis?
A mãe ficou bestificada com aquela pergunta.
- Jesus, esse menino diz cada coisa...

Nenhum comentário: