quarta-feira, 26 de setembro de 2012

o reformador

conceito. foi isso o que procurei o tempo todo. um conceito. vários até. infinitos. e eles sempre me dando rasteira, me passando a perna, me levando a precipícios. todo conceito abisma a gente. derruba nossa certeza bem no fundo do nada. "nonada". 
agora sei que ao escalar montanhas de livros e textos e perguntas só me valeu mesmo foi a escalada, só me valeu o corpo em movimento. precisamente o que sempre busquei foi certeza. o conceito me enganando. quando achava que havia chegado nele, o demônio chispava em redemoinho. fute! juque! era só a subida que importava? não o que havia lá no topo? era só o processo? 
pois então, sim. quem quiser que fique a vida toda arremedando conceito e preconceitos. comida que não enche barriga nenhuma. não procuro mais conceito algum; só o semceito, o senceito, o ceito, que é o conceito quebrado, faltando o miserável "com" que engana a gente feito o diabo. e eu que achava que o sabia muito bem cortar o pré para não formar certezas (pre-conceitos), agora sei que esse 'com' também deve ser arrenegado. só busco agora o ceito. pronto. em paz com minhas procuras.

sábado, 15 de setembro de 2012

Pensamenteiro

Eu sou um pensamenteiro. Sou mesmo. Vivo plantando sementes na cachola. Umas morrem porque não as rego ou porque as renego. Outras, a massa cinzenta acaricia, adormenta, canta cantigas de ninar para que elas durmam e deixem o maravilhoso brotar. Sou mesmo um pensamenteiro. E é por isso que o espírito não se cansa de viajar, avesso aos caprichos do corpo. Pensamenteiro. Dorme dorme, sementinha. Eu velo teu sono enquanto tu sonhas por mim. Vamos juntos florescer um dia. Homem-planta.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

sobre começos e fins

Um dia, outro mais, mais outro... e vou esquecendo o "era uma vez". vou achando tudo muito infantil. e infantilidade não combina com criança. vou me perdendo nas histórias que deveria contar e que estão dentro, aqui, querendo não sei o quê. algumas vêm até mim através do sonho. acordo antes do fim. durmo outra vez na esperança de que a narrativa continue e o fim chegue. mas a história nunca se repete. e é sempre assim. espraguejo o mundo quando senti que acordei. outra perdida. teve aquela vez em que quase eu cheguei a juntar o meio com o fim, mas a história me disse que tudo só parece igual. só. se. me disse coisas que eu não gostaria de ouvir. me disse para parar de ser certinho. me disse que começo, meio e fim é invenção tosca do humano querendo ser o deus. o fim nunca vem. só existe o meio.