sábado, 31 de julho de 2010

Cadê o juízo do Tino Freitas?


Este é o primeiro livro do Tino Freitas. Ele é um dos fundadores dos "Roedores de Livros", lá de Brasília, uma gente bacana que, por amor aos livros, tem se dedicado a promover a paixão pela leitura com crianças. O Tino e sua esposa são mediadores de leitura. Ele ainda toca e canta. Que sorte tem as crianças de Ceilândia. Esse livro aí é divertidíssimo. Já vi muita gente rindo com ele nas livrarias (crianças e adultos). Tudo porque o menino da história tem um parafuso a menos (ou será que é a mais?!). No fim da história, começa outra história. Um jogo divertido. É preciso voltar ao começo e folhear atentamente as ilustrações coloridíssimas da Mariana Massarani. Bela dupla e belo começo para o Tino, que já lançou mais dois. Esse livro que ele me enviou vai pro meu projeto, lá na ilha de Lençóis, no Maranhão. Com certeza as crianças da ilha vão rir demais com os parafusos soltos do menino.

sábado, 24 de julho de 2010

Artista africano impedido de entrar no Brasil

Lamentável. Vergonhoso.
O que dizer mais diante de uma atitude que expressa no mínimo nosso preconceito?
O artista Boniface Ofogo Nkama, nascido na República dos Camarões e radicado na Espanha desde 1988, convidado para o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias que acontecerá na próxima semana, no Rio de Janeiro e em Ouro Preto, foi impedido de entrar no Brasil, no aeroporto de Confins/BH, pela Polícia Federal que alegou falta de visto, no dia 23/07/2010(sexta-feira). Apesar da coordenação do evento tentar resolver o problema, ele foi devolvido para a Europa. Leia, por favor, a matéria aqui e divulgue-a.
Não podemos calar!

Dez coisas sobre estudo da Literatura


Começo fazendo uma lista de coisinhas que você precisa saber antes de prosseguir seus estudos em letras. Depois não diga que não avisei. Não tome, no entanto, nada do que eu disser como terrorismo, mas como provocação. Afinal, o que seria do homem se não fosse a provocação? Sinta-se tentado a pensar, por favor, mas sem pressa, que é a pressa é inimiga da perfeição e aqui, bem... aqui pensar significa esperar. O apressado come cru, e você há de convir que certos alimentos só têm sabor se temperados e bem cozidos. Isso tudo requer tempo e paciência. Se ao final dessa pequena provocação você não fica tentado a dar suas respostas, pense: “será mesmo que estou no lugar certo?”
Vamos às dez coisinhas. Depois você mesmo pode aumentar essa lista:
1. Estudar Poesia não é nada poético;
2. Você vai descobrir que literatura não é literatura;
3. Você não só vai entender a diferença cabal entre poema e poesia como vai saber que poesia não é Poesia;
4. Você pode se assustar com monstruosas terminologias que tentam entender o poético e no final não chegam a conclusões;
5. Você vai esbarrar com uma senhora muito ciente de si: a Crítica, mas cuidado com ela;
6. A senhora Crítica dá tiros para todo lado na tentativa desenfreada de compreender o literário;
7. Você vai saber que objeto é muito mais do aquilo que você pode tocar;
8. Você vai se confundir o tempo todo e isso não significa que você estará perdido;
9. Nunca mais você dirá que individuo, sujeito, homem são sinônimos;
10. Paixão e emoção não serão mais suas aliadas nas leituras: você aprenderá a castrá-las sem nenhum remorso;

Dito isto, pergunto: você realmente acha que estudar Letras será mergulhar em nuvens? Tolinho, tolinha. Ah, você ama poesia, até se arrisca a fazer alguma, e quer aprender a ser poeta? Tolinha, tolinho. Você diz que escolheu letras porque ama ficção e quer mergulhar cabeça nos romances? Cuidado para não se machucar na queda!

Tempo de anima


Vinheta Anima Mundi 2010 from Anima Mundi on Vimeo.

Dez coisas que o brasileiro deve saber sobre animação:
1.Não seja ingênuo ao relacionar desenho animado com público infantil;
2.Como a literatura, a animação também pode ser dividida em gêneros (drama, comédia, poesia visual...);
3.Uma animação pode contar uma história ou não;
4. Há várias técnicas utilizadas na produção animada: desenho sobre papel, sobre acetato, areia sobre vidro, colagem, rotoscopia, pixalation,stop motion...;
5.Um curta pode ser uma ferramenta poderosa numa palestra, numa aula, num encontro, pois pode provocar a discussão;
6.Não basta só entender a narrativa, o enredo, mas também a técnica aplicada. Uma mesma narrativa produzida em stop motion não é a mesma coisa quando produzida em ilustração sobre papel, por exemplo;
7. Uma animação é na verdade uma sucessão de imagens repetidas que seguidas numa velocidade adequada, dão ideia de movimento. Clique aqui e veja como funciona;
8. Para fazer um segundo de animação são necessários 12 desenhos. Imagine uma hora! Clique aqui, imprima um livrinho e veja como é a técnica da animação em flipbook.
9.Todo ano, os melhores curtas do Anima Mundi são lançados em coletanea num DVD. Vale a pena colecionar.
10.O Anima Mundi é um dos maiores festivais internacionais de animação.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Lapsus

Lapsus é um dos curtas que está no Anima Mundi outra vez. Ele foi um dos escolhidos para comemorar os 18 anos do festival. Uma frase apenas (Oh, my God!) na voz de uma freirinha que se vê em apuros. Engraçadíssimo. Nesses dias de festival vi algumas cenas que me fazem refletir. Os brasileiros ainda achamos que desenho animado é coisa de criança. Vi muitos pais entrando com os filhos pequenos e tendo que sair da sala chocados com algumas cenas (sexo, xingamento, agressão). O pessoal do festival deveria ser mais rigoroso com isso. É preciso alertar os adultos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

TECLÓPOLIS

Só para ter ideia da criatividade. Além disso, a plasticidade, a fotografia e a música fazem do curta Teclópolis um grande.

Mais animação!

1. Um dário de viagem de um europeu em Madagascar ganha vida, animação vibrante. De encher os olhos. Como se fosse um caderno de estudos de um desenhista. O curta termina com a apresentação de um ritual de enterro muito diferente. Estou falando de " Madagascar, carnet de voyage", um curta francês de Bastien Dubois.

2. O mundo literalmente dentro de uma folha. É o enredo do curta Lebensader, da Alemanha. A menina olha um pingente de dente no pescoço do pai. Mas ela tem também o seu amuleto mágico. Em um zoom entramos na folha e o colorido das imagens vai msotrando um mundo que só a criatividade é capaz de inventar.

3. Em The necessities of Life, dois homens lutam, não um contra o outro, mas cada um com a cultura que lhes foi imposta. É uma animação que pode ser o pontapé de muita aula sobre cultura, consumo, necessidades.

4. O grande curta desse ano é "Teclópolis", um curta argentino todo feito de material tecnológico descartado. Teclados formam uma metrópole, mauses são seus habitantes, Uma colcha rendada é o mar e a sua espuma, livros velhos são o capim da praia. Ferramentas se transformam em bichos e são capturados pela imensa cidade-monstro. É bárbaro o filme.

domingo, 18 de julho de 2010

Anima Mundi

Aqui no Rio está um friozinho excelente. Uns 18 graus em média. E é tempo de festival de cinema de animação. Mais de 400 filmes para ver. Meu Deus! E é só uma semana. Estou feito o coelho da Alice: "É tarde, é tarde, é tarde..." Já vi umas quatro sessões e hoje verei umas duas e um longa. Quanta criatividade nos filmes. Destaque de ontem foi um curta brasileiro engraçadíssimo e que vai estar em escolas logo logo, ajudando os professores em discussões sobre identidade e diferença: "Imagine uma menina com cabelos de Brasil", de Alexandre Bersot. Imperdível. Tchau, tenho que correr porque é tarde, é muito tarde.

domingo, 11 de julho de 2010

Memorial

A verdadeira imagem do passado perpassa, veloz.
O passado só se deixa fixar,
como imagem que relampeja irreversivelmente,
no momento em que é reconhecido.
(Walter Benjamin. Sobre o conceito de História)



Estou pegado fazendo um memorial. Engraçado isso. Você precisar narrar sua vida. O que contar? O que dizer? O que omitir? O que dar relevância?
Percebo o quanto uma biografia ou uma autobiografia nunca é de fato a experiência que foi. A palavra é maior, engrandece tudo, colore e um fato aparentemente tão insignificante ganha um poder tão grande que não cabe mais na lembrança do narrador. Ficou maior que ele. "Viver é muito perigoso", disse o Rosa. Mas contar o que se viveu é muito mais. Perigosíssimo. Leio o meu memorial e percebo que ali está um personagem que eu construí. E não menti em momento algum. Não inventei nada. Não fiz nada além do que as reminiscências me mostraram.
Virei um personagem nas mãos da palavra.

terça-feira, 6 de julho de 2010

MINHA POBRE BREGUEÇADA

Minha santa caixinha...minha bregueçada querida... tudo está mofando por aqui. Por pura culpa minha. A poeira está provocando espirros. Tenho tanta coisa pra colocar nesta caixa. Mas a preguiça misturada com o sono têm impedido. Vou jogar algumas coisinhas na caixa que mais parece baú:

1. A desfesa da tese foi ótima, um sucesso mesmo. Senti que fechei com chave de ouro cinco anos de muitas frustrações, medos, mas também muitas conquistas, descobertas... E aqui devo agradecer publicamente a meu orientador, um grande parceiro que, com sua sensibilidade de poeta, leu meu texto, me deu caminhos, apontou mudanças e, dobretudo me deu seguranças. Valeu, Pucheu!

2. Recebi um livro de um escritor e mediador de leitura genial, o Tino, lá de Brasília. Ele e sua esposa comandam os roedores de livros, despertando na criançada a paixão pela leitura. Em troca, lhe enviei os meus dois livrinhos. O livro Cadê o juízo do menino (Manati editora) é uma aventura bem engraçada, musical, e as ilustrações da coloridíssima Mariana Massarani engrandecem mais ainda o texto.

3. Recebi de uma amiga cronopiana da Paraíba, a Letícia Palmeira, o livro de contos-crônicas chamado Artesã de Ilusórios. E a escrita da Letícia é mesmo um tecido, uma renda. Gostei de ler assim, parando, degustando, relendo, refazendo dentro de mim a inteireza das palavras e do enredo dela. Ave!

4. Ganhei de presente de uma aluna do ensino médio que está saindo da escola um livro com a biografia do Saramago (editora Leya, autor João Marques Lopes). Parece bem interessante o livro, mas preciso de tempo para lê-lo.

5. No XV salão do livro infatojuvenil aqui do Rio comprei três primores: O livro Na arca às oito (Martins Fontes), do alemão Ulrich Hub, que conta as peripécias de três pinguins que precisam tomar a arca de Noé quando só dois podem embarcar. Maravilha de texto (ri horrores). O segundo livro é das Paulinas e chama-se Folias e folguedos do Brasil. O autor, Inimar dos Reis, apresenta canções populares do ciclo junino. Musicas belas, com aprtitura e CD. Por fim, o livro ganhador do premio jabuti em 2009, da freira que mora na paraíba, Valeria Rezende. O livro é No risco do caracol (Autêntica editora) e é um poema em forma de haicais.

6. Por fim, essa semana tive um encontro com 4 turmas de crianças que leram o meu livro O rei que virou lenda. São alunos da 2 série do Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho. Me diverti muito com as perguntas, as curiosidades, os gestos de carinho. Como é bom estar entre as crianças, meu Deus! Permita-me que eu escreva mais livros para que esse momento aconteça mais vezes. Amém!
Ufa!!!! Tem mais, mas cansei...