domingo, 5 de janeiro de 2014

fim de ano e as pessoas estão preocupadas demais com o que vestir, beber e comer na virada. Esquecem, ou nem sabem, que a "virada" deve acontecer de dentro para fora. não há cor que possa colorir um coração nublado. nenhum amarelo vai iluminar de alegria uma cabeça mesquinha. nenhum vermelho vai renovar o sangue, como vinho novo, de quem vive e chora o passado. nenhum verde vai cumular a esperança... de quem não aposta nem em si, nem no mundo. nenhuma pirotecnia poderá refulgir numa alma que, de tão pessimista, só vê a escuridão no céu noturno, nunca sonha com o fulgor e as possibilidades das constelações. para virar o ano, data mais simbólica que real (visto que o tempo não se pode medir), é preciso ficar às avessas, como roupa que se põe ao contrário para que a limpeza aconteça em profundidade. é preciso sondar o mais profundo do oceano interior, vinte mil léguas submarinas de si mesmo. e, lá, bem distante, nessa vastidão que é você mesmo, estarão todas as cores que você busca. porque não é uma virada de ano que pode tudo. é você.