segunda-feira, 31 de maio de 2010

O projeto H2horas

Era uma vez um cronopiano. Era uma vez vários cronopianos. O cronopiano-chefe tinha uma fábrica de ideias na sua cachola. Sua cachola era como cartola de mágico de onde saltam coelhos, pombos, periquitos, papagaios, etc. O cronopiano-chefe uma vez pediu aos cronopianos amigos que falassem sobre o tempo em brevidades. E foi assim que surgiu o H2Horas, texto publicado na casa Cronópios. Mas não parou aí. O cronopiano-mor pegou os textos e transformou num filme, onde tudo se movimenta o tempo todo. O filme fez um sucesso danado e foi daí que outro cronopiano que coordenava o Dulcineia Catadora (projeto que ensina arte a catadores de lixo, fazendo capas de livros personalizadas com papelão) teve a ideia de pegar o texto que virou filme e transformar em livro.
Era uma vez um texto que virou filme que virou livro-DVD e que será lançado na Casa das Rosas, Av. Paulista, São Paulo, na terça-feira. Parabéns ao Pipol, aos cronopianos e ao pessoal do Dulcineia Catadora por esse projeto multimídia e multicorpo.

Leia mais sobre o projeto H2horas aqui e sobre o Dulci´neia Catadora aqui.

domingo, 30 de maio de 2010

Ora bolas.

Ela é redonda, o principal componente do jogo, vive fugindo dos pés dos 22 homens. Bola cheia. Ar de poder. Fica feliz quando é levada pelos pés de um habilidoso jogador e consegue, definitivamente, furar a barreira do goleiro e cair na rede, para delírio da torcida. Pronto. Sensação indescritível. A poderosa. Se bola pudesse falar, sentir...
Em cada copa do mundo, a tecnologia que envolve a fabricação da bola é aperfeiçoada, melhorada, visando sempre o melhor desempenho. Sempre há quem não fique satisfeito. No caso da Jabulani, bola oficial da copa de 2010, muitos jogadores, sobretudo goleiros, têm reclamado de sua dinâmica. A bola parece não querer obedecer os comandos do jogador, birrenta, leve demais, desenhando uma trajetória complicada. Será que teremos recorde de gols?
Uma coisa curiosa os nomes das bolas dos mundiais. E esse post era sobre isso. Mas já gastei dois parágrafos sem especificamente me lançar no tema. Com a ajuda do google e dos canais esportivos, segue uma lista com algumas curiosidades sobre as bolas dos mundiais.

sábado, 29 de maio de 2010

Lendo Borges

Os contos de Borges. A palavra ali é medida. Nem de mais nem de menos. Na medida do encanto. Ele vai tecendo a narrativa de tal modo que não dá pra parar pelo meio, jogar o livro pro lado, abandonar uma trajetória. Feiticeiro esse Borges. No "O livro de areia" o destaque que dou é ao conto que dá título ao livro e ao belo "A noite dos dons". No primeiro, um livro indiano vai parar nas mãos do narrador. Um livro sem começo e sem fim. Um livro que não termina e que é assim... diabólico. No segundo conto, um menino aprende numa única noite o que é o amor e o que é morte.
Prometo que vou devorar Borges ainda esse ano. Necessito disso.

Para viver

"Para viver um grande amor"
é preciso ser amor do dedão do pé
à croa da cabeça.
Para viver uma grande aventura
é preciso muito risco
e a coragem desafiando os medos.
Para viver uma grande descoberta
é preciso andar com olhos de promessa
e despretenciosamente cego
para o óbvio.
Para viver um grande encontro
é preciso não fazer escolhas
porque todas as vias levam ao mesmo lugar.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Lendo Machado II

E essa semana li com minhas alunas o "Conto de escola". O bom de se morar na cidade de Machado de Assis, é que o leitor pode percorrer um mapa da cidade enquanto lê o conto. Talvez por isso as alunas vejam o aspecto realista com mais facilidade, como se a cidade oferecesse fragmentos de uma realidade passada. Mas muito mais que isso, o legal é ver como o psicológico de cada personagem se apresenta na narração. Um menino que não gosta da escola e foge dela sempre que pode aprende uma lição ali mesmo na sala de aula, durante uma aula de sintaxe. Aprende o que é corrupção e delação. Lá fora, um papagaio voa no céu azul. E o diabo do tambor...

(ilustrações de Renato Alarcão, para o conto publicado na revista Nova Escola)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Lendo Machado

Ao dar aulas de literatura, procuro colocar em primeiro lugar o texto, não a teoria sobre ele. Escolho uns 4 capítulos de romance e leio em sala, fazendo pausas para explicar o que acontece e tirar dúvidas. Se alguém tiver de se apaixonar pela história, será ali no início dela. Os contos são mais fáceis de trabalhar em sala, pelo seu tamanho.
Bom, essas duas últimas semanas, trabalhei Machado de Assis. Li os primeiros capítulos de Dom Casmurro, depois lemos A cartomante. O conto prendeu tanto a atenção das alunas  que, durante a narração, eu percebia os olhares ávidos pelo desfecho, os olhos querendo abarcar mais do que o texto insinua... Com o final trágico do conto, a aula foi encerrada. No outro dia cada aluna queria dar sua opinão sobre quem mandava as cartas para o amante de Rita. Alguns tentavam incriminar a cartomante. Umas alunas imaginavam que o Rio da época era muito pequeno, portanto era muito fácil descobrir as traições, etc.
Eis que uma aluna pergunta: professor, essa história foi real ou invenção?
Pronto: é aí que entra a teoria do realismo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Iluminária

Pessoas, a camionete está esperando vocês para uma carona até o cronópios, onde foram publicados alguns poemas deste que vos fala.  Que estão esperando? Obrigado!Vrrummmmm!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A bola

Está difícil postar. Muita coisa acontecendo. Tempo pouco. O blog vai ficando para trás. E agora penso: "Qual o sentido de ter um blog mesmo?" Vale à pena publicar qualquer coisa apenas para mantê-lo? Se bem que ele foi feito com a intenção de rascunho, uma caixa para caber tudo. Fiz o blog para publicar possíveis textos publicáveis, uma espécie de termômetro. Um poema, uma crônica, uma colagem, sei lá mais o quê. O Bregueços é mais velho do que aparenta, existe desde 2004. O que houve é que participei do primeiro concurso de literatura para jovens e adultos, do MEC, em 2006, e concorri com as primeiras crônicas do blog. Então, precisei retirá-lo do ar para que os textos pudessem concorrer. O livro foi chamado de "caixinha de bregueços: croniquinhas para um blog". Num total de 4.000 obras, ficou entre as 70 finalistas, o que me deixou muito orgulhoso. Não foi, porém, eleito para publicação. Mas penso: vale à pena divulgar parte de seus projetos, mesmo sabendo que há gente cheia de má intenção na internet, que vive bisbilhotando a web para roubar textos ou ideias? Ontem encontrei um poema meu, feito quando eu tinha 17 anos, para um concurso de poemas. O poema estava muito modificado, com versos novos, minhas ideias ampliadas e, o que é pior, com outra autoria. Pra que roubar propriedade intelectual? Qual o sentido disso tudo? Não sei, preciso repensar isso aqui. Mas, para meus poucos e fiéis leitores, insisto em deixar um poema de uma coletânea que estou querendo coragem para publicar.

A bola

Cidadezinha em procissão
Quatro homens carregam o andor
que carrega São José
que carrega o Menino
que carrega...
a bela bola azul
...nas mãos dele.
Menino alheio a tudo
encegueirado por ela.

Eu também era menino
e, de cara pra cima,
mirava a bola.
Nunca tivera uma
e ela me parecia
boa para chutar.
E o Menino ali
alheio aos meus desejos.
— Vem cá, Menino,
Vem brincar comigo!
Ele, nada.
Era importante demais
a bola para que
ele a largasse assim.
— Desce dos braços
do teu pai e vem
brincar comigo, Menino!
E ele, nem aí para mim.
Só mais tarde é que me disseram
que aquela bola
era o Mundo.

domingo, 9 de maio de 2010

Cronópios: a nova literatura se encontra aqui

O vídeo a seguir é uma realização do núcleo de vídeo da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. O núcleo tem um acervo de vídeos nos quais são mostradas experiências inovadoras em multimídia, educação e literatura. O Cronópios foi tema de uma reportagem. E lá eu apareço tanbém (aliás, minha voz) narrando a história “O menino-passarinho”.

Acesse também o cronópios

poesia sonoro-visual

A internet e as novas tecnologias são espaço fecundo para criação. E criação é poiesis. Convido você a percorrer a cidade, flanar por ela, através do olhar deste novo poeta multimídia e multiformer, o Márcio-André, da Confraria do Vento editora. Gente nova fazendo coisa boa, poesia e literatura, em muitos suportes.
Boa leitura!!!

sábado, 8 de maio de 2010

Ree-ditando os ditados

Quem cai no fogo
é pra se molhar.
Quem tudo quer
vai se virar.
Quem com ferro fere
fere com qualquer coisa.
Quem cai na chuva
é pra se queimar.

Em terra de cego
quem tem olho não é visto.
Em casa de ferreiro
a ferrugem corre solta.
Em time que está ganhando
mexer é obrigatório.
Em boca fechada
a palavra é pra dentro.

A pressa é inimiga
do apressado.
Água mole em pedra dura
faz barulho inconveniente.
Quem espera
vive esperando.
Nada como um dia
antes do outro.

Sonhar castelos

Diariamente. Manhã. Minúscula cozinha. O calendário na parede com a fotografia de um castelo.
É o famoso castelo alemão de Neuschwanstein, o novo cisne de pedra, na Bavária. Está ali na minha cozinha, imponente. Na pia ao lado, a louça se acumula.

Enquanto preparo meu café preto e forte, olho para a fotografia. Todo dia miro algo diferente nela. Como se procurasse algo que não está ali. Como se quisesse me projetar para aquelas escadarias.  Como se quisesse estar de frente ao portal principal, no espasmo de querer guardar tudo dentro do olhar. Como se quisesse me mirar num dos espelhos do grande salão. Como se quisesse ficar na torre mais alta, mas não prisioneiro. Como se quisesse contemplar as montanhas gélidas, as florestas de coníferas, as vilas que salpicam entre os rios e os lagos no entorno.

Então o fantasma de Ludwig II me dá um soco no real e me vejo na cozinha de meu apertamento, no Rio. A louça querendo ser lavada.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Hoje é dia de...

Fazer silêncio.
Foi um passarinho que veio me dizer que é preciso calar de vez em quando para escutar lá bem no fundo uma outra voz. É fácil fechar a boca, tampar as cortinas, cerrar as portas para que o barulho lá fora não incomode. Mas é difícil demais calar as vozes dentro da gente, que vêm em profusão, feito pororoca. É porque, no fundo, somos muitos e cada um de nós quer reivindicar a primeira pessoa do discurso. No dia em que eu conseguir me calar de verdade, eu vou explodir num aleluia que é o sagrado em mim.
Feliz dia do silêncio!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma coisa.

Uma coisa é uma coisa
Outra coisa é outra coisa
Uma outra é coisa uma
Coisa uma é coisa outra
Que coisa é uma coisa?
Coisa uma é coisa uma
Outra coisa é uma outra
coisa.

sábado, 1 de maio de 2010

Poder…


… e porque não posso apanhar estrelas
como se apanhasse laranjas maduras no pé…
… e porque não posso comer nuvens
como se saboreasse algodão-doce…
…e porque não posso guardar no bolso o ar,
nem manter uma chama acesa sem o pavio…
…e porque não posso atravessar paredes,
mergulhar no abismo sem me ferir,
tibungar no mar sem me afogar…
…e porque não posso ir até o centro da terra
e banhar-me de magma…
…e porque todos esses porquês não acabam de jorrar
e minha palavra é maior que todos eles,
é que conjugo o verbo poder, exorcizando o impossível:
eu posso
você pode
ele e ela podem
nós podemos
vocês podem
eles e elas podem.