quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Alguém à tua porta

Toc toc toc
- Quem bate?
- É a PAIXÃO!
- O que quer?
- Teu coração.

Toc toc toc
- quem bate?
- O AMOR!
- O que quer?
- Teu calor.

Toc toc toc
- Quem é?
- A AMIZADE!
- O que quer?
- Lealdade.

Toc toc toc
- Quem bate?
- É a SAUDADE.
- O que quer?
- Felicidade.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

FORMAS AO ACASO

Tem gente que vê uma coisa na outra.
é bom brincar de adivinhação.
calma, mire o olho, nao tenha medo,
você verá, se prestar atenção.

Olhe bem fixo numa parede,
pode ser teto ou vidro quebrado
vai de repente surgir um desenho
uma gaivota ou um anjo alado.

Olhe pro céu, veja as nuvens branquinhas
Elas escondem muita diversão.
Tem elefante, girafa, macaco
bem desenhados com puro algodão.

Olhe pro chão, para a terra batida
Mire e veja que bela magia
surge um mapa antigo com trilhas
Será que seremos donos de uma ilha?

Olhe o lago e jogue uma pedra
Ouça o ploc! Se forma uma roda
Os peixes ficam todos assanhados
pegam suas pranchas e surfam na onda.

sábado, 25 de outubro de 2008

SOBRE TEXTOS FALSOS


Ridícula. Simplesmente ridícula essa onda de mensagem visual-musical de power point que circula na internet, como enxurrada, de e-mail para e-mail. Não que eu seja contra um amigo enviar uma mensagem para outro. Por favor, continuem me mandando se for boa a intenção...
A minha reclamação é outra. Do autor das mensagens. Da forma inescrupulosa como textos de péssima qualidade usam o nome de autores famosos. O intuito é promover o texto de um anônimo? No início acho que é. Mas depois passa a ser burrice de quem recebe e repassa, sem retirar o nome do autor. Sheakspeare, Drummond, Chaplin, Clarice, entre outros, devem estar estrebuchando nos seus túmulos com essa ingratidão que a internet faz com eles. Queria muito que eles fossem defuntos autores, e escrevessem suas impressões sobre isso. Iam trucidar os infelizes que querem promover textos às custas da fama dos outros.
Alguns textos são até bonitos, mas injustos por não expressarem o seu autor. Digo: a linguagem, as palavras, as gírias e o assunto, por vezes nada têm a ver com o estilo do autor famoso que teve de ser cavalo-de-santo e receber a autoridade pelo que nunca escreveu.
Aviso aos autores desses PPT: Sejam honestos. Apareçam com seus nomes. Aviso aos que repassam: Sejam honestos, pesquisem textos do possível autor e verão qual é o texto falso. Antes de passar uma mensagem, apaguem o falso autor.
Se não fizerem isso, eu desejo que vocês apodreçam no inferno da ignorância. Vocês estão fazendo um deserviço a quem ensina literatura honestamente nesse país.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

É preciso saber tudo mesmo? Pra quê?

Eu não sei o que é pior: gente burra demais ou gente inteligente demais. Estou confuso e quero ajuda. É insuportável conversar com alguém que não compreende o que a gente diz, que não consegue seguir o nosso ritmo, que só fala quando é pra perguntar: "O que você quis dizer mesmo?" É dose ter que traduzir do português para o português, simultaneamente. É duro, é escabroso!
Mas, por outro lado, é igualmente insuportável ser o burro na história, ou seja, conversar com quem é cuca demais pra nosso cérebro em forma de azeitona. Aí somos nós o medroso, com o receio de perguntar o que o outro quis dizer, pra não parecermos mais idiota do que já somos. As mão fica gelada, a voz embargada, o olho um pouco lacrimejante. Pânico. Falta ar, parece que o chão foi embora, afundou. Até que o outro diz: "Você não fala?" E a gente dá um riso sem graça, de quem perdeu os dentes todos.
Não, eu não sou burro. Também não me considero lá muito inteligente não. Mas sofro com essa oscilação: falo demais, calo demais. É duro estar de ambos os lados. Sabe, tem hora que quero mesmo é ser foderoso pois mais vale um burro esperto do que um esperto burro lá na PQP. Pronto falei.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Perdi os cálculos


Eu devo estar ficando doido. Já conto. Tenho um apego danado a pedras. Sempre tive. Se eu ia num lugar novo, trazia de lá uma pedrinha. Meu quarto era cheio delas, de cores e formas variadas.
Quando tinha 15 anos, porém, comecei a sentir dores fortes nos rins. Dores iguais àquelas não existem não. Ligava o chuveiro e ficava ali, de cócoras, morrendo de dor. Até que expeli a primeira pedrinha. Maior do que um grão de arroz. Parecia que havia cristais, pois brilhava. Disse que ela era meu tesouro e guardei-a junto com as outras. Quando vim embora pro Rio, não podia trazer quase nada e resolvi que traria o cálculo expelido do rim. Aqui também tive uma crise e acabei expelindo duas outras pedras.
O caso é que, há algum tempo, ganhei de uma ex-ex-ex-amiga uma caixinha em pedra-sabão das Minas Gerais, toda trabalhada com motivos geométricos. Logo chamei o presente de Caixa de Pandora. Depois descobri que essa caixinha não poderia ter outro nome mesmo, pois não só guardaria meus cálculos, como me lembraria de coisas ruins, falsidades e maldades. Toc-toc-toc-batendo-na-madeira-savará-deus-me-livre-e-guarde-cruz-credinho.
Pois não é que hoje esbarrei na caixinha que, caindo, quebrou-se e espalhou todos os males pelo quarto! Entrei em pânico. E agora calculo que não quero ter crise renal não.
Peguei os cacos da caixinha de Pandora e joguei no lixo. Eu estava estranhamente feliz.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Luzeiros

As luzes... sempre me encantando. Desde a chama tenra de uma vela até o farol lunar, toda luz é magia diante dos olhos inocentes. "Menino, não brinque com fogo que vai é se queimar, visse?!" Era adulto dizendo direto. Mas eu, pequeno, queria ser mesmo era queimado. Queria porque queria.
Uma brasa ardia lá dentro do meu mundinho. O menino dos cabelos de fogo. Quando as faíscas subiam ao céu, eu ia com elas. Até me apagar não sei aonde. Eu aprendi a gostar de ir a velório... só pra ficar abismado com as chamas das velas. Mal sabia que elas iluminavam aquele que não tinha mais chama... "Sai da beira desse fogo, menino. Parece o diabo, querendo se queimar". Eu era sim, o próprio diabo, ardendo de vontade de me banhar de fogo, feito um condenado.
Se fogo fosse água que a gente bebe e se sente preenchido... Se fogo fosse ar que a gente sorve sem se dar conta... Aprendi a olhar o ocaso só pra sonhar com resquícios de fim de mundo. O mundo desabando no fogo, queimando tudo. Oh, que grande dia! "Mas esse menino, tá com a peste, parece mesmo que quer virar cinza..." Na quarta-de-cinzas, ah como eu adorava receber o sinal-da-cruz na testa feito de cinzas, e ainda ouvir do padre: "Lembra-te que és pó e ao pó voltarás..." Ficava intrigado com aqueles santos do altar trazendo um coração em chamas. Eu queria um coração daqueles de qualquer jeito. Coração de Maria, vermelho com chama amarelada, coração do menino Jesus, tão pequeno e já pegando fogo em meio aos espinhos.
Existe mais bela metáfora para o amor que o fogo? Não, não existe. O fogo é a antítese das antíteses: sagrado e profano dançando no barroco dourado das labaredas. O fogo tudo consome no seu ardor purificador. Pensando bem, fogo não é matéria de inferno coisíssima nenhuma. É divino demais!

domingo, 12 de outubro de 2008

sábado, 11 de outubro de 2008

10 pedidos desaforados do amor

1. Um unicórnio... você pega um pra mim?
2. To com vontade de ganhar o sol de presente. Me dá? cuidado pra não se queimar, tá!
3. A nuvem lá. Queria meu colchão forrado com ela.
4. Será que você é capaz de ensacar o ar puro da manhã do campo para eu poder respirar?
5. Queria que você fizesse chover quando tivesse calor, e fizesse calor quando tivesse chovendo.
6. Se você não se importar, dá pra pegar a lua e fazer um colar? Vai ficar tão bonito...
7. E será que um dia vou ter uma carruagem puxada por cavalos-marinhos?
8. Ando pensando que meu mundo só será legal se eu puder viajar na cauda de um cometa.
9. Sabe, acho que queria mesmo era uma cachoeira que, em vez de descer, subisse.
10. Queria um peixe-voador e um pássaro-submarino. É isso.

Se você fizer isso eu não tenho mais nada a pedir. Te amo, tá?!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

FIM DO MUNDO

Será hoje à noite, logo mais às 23h46. A catástrofe. O horror. Um asteróide entrará em contato com a atmosfera terrestre, vindo de leste a oeste. O alvo certo é a África. Apertem os cintos. O planeta corre perigo... Sobreviveremos ao impacto? O fim da civilização?
Eu cresci ouvindo isso. Prepare-se para o grande dia. O fim do mundo está próximo. Os sinais estão aí. Visivelmente expostos. 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, 0.... Peçam perdão... pelo que não fizeram, pelo que se tornaram, pelo que não construíram, pelo que deixaram pra trás.
É o fim...
Se não for o bummm do asteróide, será das bolsas de valores. O fim do mundo capitalista. Amém!!!

domingo, 5 de outubro de 2008

A humildade veste marrom


A cor marrom causa em mim lembranças muito alegres da infância. Nos festejos na cidadezinha, em outubro, pessoas vestidas de túnicas marrons, pagavam suas promessas com pedras e pratos de velas acesas na cabeça. Na frente da igreja, nas barraquinhas de palha de babaçu, jogos e comidas alegravam os fiéis... Tudo iluminado. Mas mais iluminado ainda era meu coração naquelas tardes de procissão e festa.
Depois, acho que aos 8 anos, minha mãe e eu fomos a Canindé, uma cidadezinha do sertão do Ceará, que é um centro de romeiros. Quase dois dias de viagem num pau-de-arara cheio de gente. Todos usando batas ou roupas marrons, homenageando o santo de devoção: Francisco de Assis, o pobrezinho de Assis.
Lá no Canindé tinha a sala de milagres, com mechas de cabelo, partes do corpo esculpidas em madeira ou barro e as roupas entregues como pagamento das promessas. Foi ali que me batizei. Nos rostos daquelas pessoas, eu já via o sofrimento amenizado por uma espécie de gozo coletivo. Uma perfeita epifania, manifestação da graça.
Fui arrebatado numa experiência mística. E louvo por isso. Todo ser humano deveria ter um gozo místico para sentir o inatingível. Louvado sejas, meu Senhor, por todas as tuas criaturas! Amém.