terça-feira, 27 de abril de 2010

Amizade pessoal

Você, por acaso, já viu um amigo impessoal? Mas tem gente que insiste em dizer: “tenho um amigo pessoal”. Não quero amigos impessoais.

domingo, 25 de abril de 2010

mendigos…

Nanotexto de hoje: conversa entre dois mendigos:
- O ser humano, se pudesse, roubava Deus.
- O negócio é que o FDP não pode...

sábado, 24 de abril de 2010

Receita

Estou na fase de nanotextos. Sabe o que é isso? O micro do micro. Tipo assim, um telegrama, sabe? Não sabe o que é telegrama? To velho mesmo! Telegrama era o twitter no passado, ok? Agora, acho que já posso continuar meu texto. Pois bem, aí vai meu primeiro nanotexto:

joana-d-arc
Pegue uma feminista ferrenha, mais Joana D'Arc de espada na mão, mais São Jorge com sua armadura e o dragão a tiracolo. Resultado: Alice de Tim Burton.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Alicemania

alice-in-wonderland1 Vasculhe os sites de livrarias, atenção nos ícones de publicidade, veja as vitrines das livrarias, os anúncios de exposições, os brinquedos… A Alicemania tomou conta do mundo.
O que provocou a onda? A adaptação de Alice para o cinema, por Tim Burton. Só de edições do livro, contei umas dez, entre produções requintadas e outras mais simples. Não sou contra isso, mas acho exagero. E-X-A-G-E-R-O. Se o objetivo fosse empreender o gosto pela leitura, mas anda longe disso. É puro interesse financeiro.
Enquanto isso, nós, os escritores novos, ficamos à míngua, gastando o que não temos para enviar nossos originais às editoras que os tratam com desdém. Temos de amargar uma espera angustiante para, depois de um ano, receber um seco NÃO, ou, para ser malice-tim-burton2ais cordial, a resposta padrão: “Infelizmente seu original não se encaixa em nossa linha editorial”, ou “Nosso cronograma de publicação está fechado até 2016”. Quando somos publicados, ainda temos de nos conformar com míseros 10% sobre preço de capa. É pegar ou largar!
Senti uma raiva tremenda vendo tantos livros sobre um livro nas prateleiras esses dias. Senti sim. E como quis ser a rainha de copas, só para mandar cortar a cabeça dessas editoras aproveitadoras. Ainda reclamam que no Brasil não se gosta de ler. 

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Dia do índio, esse nosso próximo distante

"Ô, kwandu, vem pra casa que já são horas! Você tá parecendo um marakajá, todo pintado. Vai te banhar, mukura, senão daqui a pouco vai ficar cheio de pira da braba, morada de mikuin. E aproveita para arrumar a boroka, pois vamos viajar amanhã cedinho."
Entendeu alguma coisa? Bem, não sou um Major Policarpo Quaresma que achava que nossa língua oficial devia ser o Tupi-guarani. Amo a língua portuguesa. Mas, sobretudo, amo a língua portuguesa brasileira, cheia de termos indígenas e africanos, repleta de tantas outras contribuições, leve, doce e sumosa feito caju maduro. A minha língua materna.
Hoje é o dia do índio, esse nosso próximo distante. Para homenageá-lo, escrevi esse primeiro parágrafo com palavras do kaapor, língua de uma tribo do Maranhão. Ler essas palavras, me faz tentar compreender melhor o que é ser índio, porque, afinal, a língua é a marca de um povo. São palavras da minha infância, e eu nem sabia que elas eram indígenas. Quando saí do Maranhão, muitas delas se calaram dentro de mim, com o medo de ser incompreendido na metrópole. Me redimo, colocando algumas aqui e reafirmo meu sangue índio.
(O vocabulário para o texto de abertura está nos comentários)

domingo, 18 de abril de 2010

Tempo de serafins.

Foi na noite daquele temporal que fez um estrago na cidade.
Dona Sebinho estava terminando de levar o resto do ninho da samambaia para uma árvore da rua. Era lá que ia ser sua nova morada. Porém, com o dilúvio, as árvores foram caindo, uma a uma, naquela tragédia toda que vocês acompanharam pela TV.
Pois Dona Sebinho também ficou desabrigada, perdeu seu teto.
Seu desespero só não foi maior que sua coragem. Voltou para a samambaia daqui com malas e cuias, e fez, no espaço de um dia, um ninho mais robusto que o anterior. Ontem notei que ela estava o dia todo por aqui e hoje vi os três ovinhos.
É isso, no meio de tanta tragédia, a vida brota.
Seja bem-vinda de volta, Mamãe Sebinho.
Que nasçam os serafins!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Cristo de mão pichada


Será que há remédio pros males do mundo? 
Para Santa Maldade tem um Santo Remédio? E para a Santa Hipocrisia, por que ainda tem altar?
O altar do Santo Desperdício é lixo acumulado. E a Santa Caretice gosta mesmo é de viver do tempo dos milagres.

Não existe milagre em tempos de Santa Carestia. O mundo está cheio de gente que reza para a Santa Ingenuidade. Pior é que não são poucas as velas acesas para a Santa Covardia.
Às vezes acordo crendo menos na humanidade. E nem adianta dizer que isso é intolerância de minha parte. É que não tenho mais as bençãos da Santa Paciência diante das imbecilidades do homem.
O Cristo Redentor hoje acordou e disse: "Santo Deus! Quem fez essa tatuagem de mau-gosto no meu braço?"
E o pai, lá do alto de sua bondade, deve ter respondido: "Foi a Santa Ignorância, filho!"

domingo, 11 de abril de 2010

poema enroladinho

Nem sempre a sombra assombra.
Nem sempre a sina assina.
Nem sempre a soma assoma.
Nem sempre a Tina atina.

Quem acha que apito é pito
que preço tem o apreço
confunde dito e interdito
quer ser excelso no excesso.

O que é a pata da pata?
Onde se bota a bota?
Você não ata ou desata
com essa torta bem torta.

terça-feira, 6 de abril de 2010

No Rio, só chuva... Não dá pra falar!

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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Como semente...

Como semente...
É preciso ficar ali, na escuridão, imerso no breu, adormecido, gestando o mundo que virá.
Como semente... sonhar a nova vida, o tempo novo, novos desafios.
Tem coisas que devem morrer em nós para que haja uma ressurreição. É tempo de celebrar isto: a morte do velho homem para o nascimento do homem novo.
Então que morra em mim o velho homem, mergulhado na inércia, demasiadamente cansado para o combate, estranhamente apegado a velhas ideias. Que morra em mim tudo o que não for coragem, tudo o que não for libertação, tudo o que não for lucidez. Que morra em mim tudo o que me faz absurdamente prepotente, tudo o que me cega para o sonho, tudo o que eu não possa transformar em poesia. Que morra em mim tudo o que não for caminho, tudo o que não for vereda, tudo o que não for oásis. Que morra em mim tudo o que não for água benfazeja, fogo restaurador, ar inebriante e terra fecunda. Que morra em mim tudo o que for culpa, tudo o que for arrependimento, tudo o que me conduz para o fracasso de mim e do outro.
E que nasça o homem novo!
Boa passagem, boa páscoa!

Dia Internacional do Livro Infantil

O livro e a América (Castro Alves)

Filhos dos séculos da luzes!
Filhos da Grande Nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro - esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...
Éolo de pensamentos,
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a Igualdade voou!...
Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O século que viu Colombo,
Viu Gutenberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
E a pátria da imprensa achou...
Por isso na impaciência
Dessa sede de saber,
Como as aves do deserto -
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão-cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n`alma
É gérmen - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.