segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ANOITECE

Atrás da ramagem
A voz do grilo é faca
cortando o luar.

Um mapa no céu
cometas levam desejos
na noite escura.
No espelho da água
brincam formando espirais
os pingos de chuva.

domingo, 23 de agosto de 2009

O ABZ DO ZIRALDO


Hoje foi exibido o primeiro de uma série de programas comandado pelo Ziraldo com o nome "Abz do Ziraldo". Uma hora de humor, risada, música, entrevistas, desenhos, etc. Tudo feito num cenário que mais parece uma página de quadrinhos, com o traço do apresentador, nosso velho conhecido dos livros infantis. Muito à vontade entre a criançada e uma plateia formada pelas mães, o velho de jaqueta multicolorida, se apresenta como um dinossauro, brinca com isso, e ganha a criançada, tudo acompanhado do coral "Menino Maluquinho", devidamente caracterizado com um chapéu em forma de panela.
Ziraldo trata a criança como o ser que ela é: inteligente, cheia de críticas, bem-humorada... E instiga a imaginação, perguntando mais do que dando conceitos sobre as coisas. Uma criança conta anedota, outra explica os tipos de dinossauros, a plateia dá vaias de mentirinha ao invés de aplausos...
Agora, o mais legal: a presença dos livros no cenário, os quadros em que escritores são convidados a falar de suas obras, enquanto contadores leem obras, diante da plateia atenta... Tudo isso merece aplauso e indica que nós, professores e escritores, devemos comprar essa ideia e sair destacando esse programa nos nossos sites, blogs, conversas na escola, em casa. É preciso, urgente, valorizar programas assim, que mostram o sabor da leitura.
Parabéns ao Ziraldo, o nosso Monteiro Lobato atual, e parabéns a Rede Brasil pelo projeto.

sábado, 22 de agosto de 2009

LADAINHA DOS SERES FANTÁSTICOS

Curupira, Saci-Pererê, Boitatá
Tirem os maus políticos de lá!
Fogo pagô! Curupaco-papaco!
Lobisomem, Cuca, Matinta Perera
Acabem de vez com essa roubalheira!
Fogo pagô! Curupaco-papaco!
Cumade Fulozinha, Iara, Rei Sebastião
Expulsem os covardes de plantão!
Fogo pagô! Curupaco-papaco!
Boto-cor-de-Rosa, Mula-sem-Cabeça
Não deixem que o povo se esqueça!
Fogo pagô! Curupaco-papaco!
Negrinho-do-Pastoreio, Bicho-papão
Quem é que nos dará uma solução?
Fogo pagô! Curupaco-papaco!
Mandinga de preto, elixir do pajé,
Tambor, maracá, todos juntos com fé!
Tambor de crioula e de Mina também
Valei-nos padim Ciço! Cruz credo, amém!

Hoje é o dia do folclore. Não gosto dessa palavra, preferia mesmo a expressão "cultura popular". A mistura do português, do indígena e do africano, não resultou apenas no colorido da pele do brasileiro, mas também numa herança de histórias fantásticas, crenças, rezas, canções, etc, transmitidas oralmente de geração a geração. Assim, compus essa ladainha, invocando muitos seres do imaginário brasileiro. Quem sabe eles não nos ajudem e espantem os males do país. Menos mal!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sobre olhar inútil

BÚZIOS, CARTAS, TARÔ
Trago a pessoa amada em 3 dias
ligue 2545-0101
Mãe Diana

Eu ia caminhando pela Avenida Rio Branco, na direção da Cinelândia, num daqueles dias em que o olhar está perdido e por mais que a gente o fixe nalguma coisa ou cena, a atitude será das mais completas inutilidades. Com o olhar inútil você vê sem querer, vê mas não enxerga, vê cegamente. Nesses dias o que menos você quer é ver com lucidez. Pois ia pela avenida, saboreando essa inutilidade necessária quando voltei à realidade através de uma espécie de espanto. Me vi diante desse anúncio, pichado grotescamente com letras feias no muro de uma obra. O que queria eu ao despertar justamente de frente para um anúncio tão falso? Olhei para minha mão e o celular já estava sendo digitado: 2-5-4-5-0-1-0-1........
- Alô - uma voz rouca e com pigarro atendeu. - Alô... tô ligando para marcar uma consulta - disse eu, apavorado com minha falta de liberdade momentânea. Sim, porque naquele momento descobri que sou prisioneiro de um outro eu que resolvera se manifestar para, no mínimo, me humilhar na minha descrença.
O consultório astral ficava num velho prédio do Centro. Entrei, subi as escadas de 3 andares e quando dei fé, já estava sentado diante da velha, numa sala mal iluminada com cheiro de mofo e incenso. - Meu jovem, então você quer de volta sua amada, o quanto antes, não é?- Quero sim! - respondi de forma tão abrupta, quase acreditando naquilo tudo.- Faz tempo que ela se foi! - disse a velha, separando as cartas. - Faz tempo! - concordei. Na verdade, eu estava começando a gostar daquele teatro, porque eu nunca tivera uma amada tão amada que estivesse a fim de fazer voltar pra mim. Não, e ali mesmo eu respondia por responder, sem pensar em mulher alguma.
- O senhor pode ir pra casa tranquilo, que ela só pensa no senhor... - Eu sei... - Ela está por perto e vai procurá-lo o quanto antes...E tem mais uma coisa... Me aproximei para prestar mais atenção. - O senhor vai ser papai... Levantei-me, tirei a nota da carteira, dei à velha e saí. Há muito tempo eu estava sem namorada, portanto não poderia ser pai mesmo.
Saí pela rua, louco de vontade de voltar a olhar as coisas inutilmente. Naquele momento eu só não queria pensar na imbecilidade do ato que acabara de cometer.

domingo, 16 de agosto de 2009

Sem abraços e beijos, por favor!

Amanhã volto à escola e não vou poder receber beijos e abraços. Tampouco vou poder apertar a mão dos amigos ao dizer "tudo bem?". Só um olá insosso.

O abraço, o beijo e o aperto de mão são o sal de qualquer relação. O abraço bem dado significa que estou envolvendo o outro do mais puro eu. É vontade expressa de que dois sejam um. Um aperto de mão, mesmo leve, é um curto-circuito entre dois corpos, transmissão da mais pura presença. Um beijo, então, é pura necessidade de saborear o outro, de leve, ou com sofreguidão.

Mas não amanhã. Amanhã e depois de amanhã e ainda nesta e na outra semana, tudo isso será extremamente perigoso. Abominável até. Porque haverá por ali um vilão louco por abraços, beijos e afetos.

Voltaremos mais pobres de afeto amanhã, reencontraremos nossos amigos e nos contentaremos em rir juntos, mas não tão juntos, porque o vilão estará nos espreitando, querendo se instalar no mais íntimo do nosso ser e fazer um estrago daqueles.

Acho que amanhã vou aparecer com uma placa de advertência colada na testa ou na camisa: "Amo você, mas por favor, mantenha distância!"

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

OS TESOUROS DA ILHA


Tem coisa melhor do que ver o prazer no rosto de criança?! Não tem. Esse mês de julho eu estive pertinho da linha do Equador, lá na ilha de Lençóis, no Maranhão, onde desenvolvo pesquisas de tese. Estamos construindo um memorial para a comunidade, com direito a sala de exposição e sala de leitura.
Dessa vez foram comigo três amigas professoras do Rio: Maria Amélia, Sonia Jospin e Rosa Momesso. Tabalhamos na EJA do Colégio São Vicente. Elas precisavam conhecer aquela realidade. Levamos muitos livros para a biblioteca, fruto de doação de nossos alunos e alunas e amigos. Estão por lá, encaixotados, esperando para serem lidos.

Aí você vê as crianças folheando alguns livros enquanto fazem desenhos que serão transformados em painéis para a casa. Em janeiro, durante os festejos de São Sebastião, o memorial "Rei Sebastião"'será inaugurado e as crianças poderão ler muito.
Agradeço a todos os que nos ajudaram com doação de livros. Ainda estamos aceitando, viu? Livros de literatura infantil, enciclopédias, livros de curiosidades, etc. Embaixo você vê uma foto da casinha em construção. Parece casa de boneca. Não tá ficando linda? Do lado direito será construída a sala de exposição, atrás será a varanda e em cima, um dormitório.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Perto da linha do Equador


Nesse ranchinho suspenso por pau de mangue, o pescador fica vários dias, pegando camarão. Quando a maré enche, só a cabana fica de fora. No meio da baía de Lençóis há vários ranchos, uma paisagem deslumbrante. Pescador é homem corajoso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fim de férias... foi tão bom
















Estive, mais uma vez, na terra do Rei Sebastião: a ilha de Lençóis. Tudo tão belo, gente tão bonita, crianças talentosas. Sonhos realizando. O memorial da comunidade... Tudo se encaminhando.Vou postar desenhos, rabiscos feitos na viagem. E só. Estou com uma preguiça de escrever. Meu coração se recusa a ser metropolitano.