quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Gênesis

No princípio era a treva. O Criador vivia sem fazer nada, só jogando seu NINTENDO. Resolveu brincar de fazer as coisas. Disse: “FIAT BRILUX”. E um raio se dissipou, dividindo o mundo em duas partes. O trovão estourou e fez o poente: “CATAFLAM!” Depois de criar todos os animais, o Criador fez o Homem. Fazer o homem não foi fácil e o Criador ficou deveras cansado. Então tomou BIOTÔNICO FONTOURA e tirou uma soneca. Quando acordou, notou que o homem estava excitado porque viu o bode e a cabra fazendo saliência. Deus apiedou-se e disse: “Vou fazer uma XEROX sua, mas com algumas diferenças”. E fez a Mulher. Notou que a cópia saiu muito melhor que o rascunho. Quando Adão viu a Mulher, disse: “UOL! Esta é a FANTA da minha FANTA!” Queria falar algo mais, mas só conseguia dizer: “IG!IG!IG”. Deus foi dormir mais um pouquinho, depois de beber uma COCA-COLA e dar aquele arroto divino. Adão ficou VIVO, quando percebeu que Eva estava in NATURA, mas não teve coragem. Eva foi logo reclamando: “Qualé, Adão, você nem FORD, nem sai de cima!” E foram fazer saliência pelos campos do Senhor. A cobra, que não é assim nenhuma BRASTEMP, ficou rubra de inveja. Vestiu-se de PRADA e foi tentar o Homem. Mas como o Homem não gosta de fêmea vestida, a cobra teve de tentar Eva, oferecendo-lhe uma APPLE. Eva deu a primeira mordida e ofereceu também ao Homem. A cobra disse baixinho: “Que casalzinho mais ATARI! marquei um GOL”. Deus acordou e percebeu a bagaceira. Disse, furioso: “Vocês vão se FERRARI”. Depois de dar um par de tênis ADIDAS para o casal, os baniu para sempre do seu WINDOWS VISTA.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

É pra morrer de rir!

A campanha de Tiririca, sim, "pior que tá num fica!" Sim. "Na realidade, eu num sei o que faz um deputado federal, mas vote em mim, que eu te conto". Tiririca vai lutar pelos idosos porque tem velhinha que ainda dá um caldo... É ou não é pra se acabar... de rir! Vai ter um milhão de votos o palhaço! E espero que ele vá ao Congresso assim mesmo, a caráter.

Rápida

Dito popular para autores novos:
- De não em não a galinha enche o papo.

domingo, 26 de setembro de 2010

Rápida

A senhora, chamando o táxi:
- Moço, o senhor vai pra frente?
E o taxista:
- Sim, minha senhora, vou sempre pra frente!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Poeta maranhense vai receber Doutor Honoris Causa

Notícia fresquinha. Estou participando do 1 encontro do Forum Nacional de Literatura Contemporânea, na UFRJ. Na abertura dos trabalhos, hoje, a diretora da Faculdade de Letras informou que, nos próximos dias (provavelmente dia 15 de outubro), Ferreira Gullar deve receber o título Doutor Honoris Causa, concedido pela UFRJ. Será uma grande festa a esse poeta, pelo tanto que ele representa para a literatura e cultura brasileiras. Espera-se que a cerimônia não fique apenas restrita a mera formalidade, mas que haja o empenho dos alunos, numa recepção calorosa à altura do poeta.
Grande Gullar! Pedra Angular!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Poesia itinerante

Pegava o mesmo onibus, bem cedo, todo dia. O trajeto de cerca de uma hora servia para dormir o que não conseguira na noite mirrada de todos os dias. O ônibus a deixava no mesmo ponto. Daí caminhava pela praia de Copacabana, chegava ao prédio onde trabalhava como doméstica e começava o trabalho. Seriam oito horas de um incansável serviço: varre piso, limpa janela, lava louça, lava roupa, arruma móveis, faz comida... Eita! Vidinha mais sem graça. Vidinha bem inha.  Nem reclama. E reclamar adianta? Reclamar faz dinheiro cair do céu? Reclamar faz milagre? A tardinha fazia o trajeto contrário, chegando em casa por volta de meia-noite. Não vai desabar na cama? E pode?! Era preciso fazer todo o serviço de casa, preparar comida pros filhos, passar a roupa. Mas numa noite dessas em que voltava para casa, começou a ler na divisória do ônibus, aquele espaço onde fica a catraca e que divide o onibus em dois, o seguinte: "Ora (direis) ouvir estrelas/ Certo, perdeste o senso..." Leu tudo. Nada entendeu. Mas gostou imenso. Gostou profundo. Gostou de um jeito novo. Discretamente, arrancou o cartaz e levou consigo. Na outra noite, havia mais um daqueles, com texto diferente: "O mundo não se fez para pensarmos nele/ (Pensar é estar doente dos olhos)/ Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo..." Concordou grande, sem compreender muito bem. Só achou bonito, e coisas bonitas não podem ser não-compreendidas. Também arrancou o cartaz e levou para casa. 
E assim fez todas as noites. E lia aquilo com sefreguidão. Deixava mesmo de dormir para ler tudo, reler, rereler, entreler. E aqueles homens e mulheres, donos daquelas vozes todas, moravam no pensamento dela. E ela trabalhava lendo aqueles textos. Alguns ela sabia de cor, de tanto que os lera. Uma noite, não tinha um novo texto no ônibus. Perguntou ao cobrador: "Cadê o texto daqui?". "Ah, cansamos de colocar poesia, porque sempre roubam!".  Então aquilo era poesia. Era poesia aquilo que a fizera olhar pro mundo diferente. Era poesia aquilo que a fazia viajar por destinos tão diversos, sempre no mesmo ônibus, sempre no mesmo trajeto, e sempre por outras destinações. Era poesia aquele bem que trouxera nova vontade de viver, de abandonar tudo, de ser outra? Estava decidida: iria voltar aos estudos. Queria ler mais poesia. Seria poeta.

(Esse texto é uma homenagem às minhas alunas da Educação de Jovens e Adultos. Os ônibus do Rio estão circulando com poemas colados na divisória. Uma aluna me falou que sua mãe havia arrancado um poema do Bilac e levado para casa. E me deu vontade de escrever esse continho)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Graça...

Qual é a graça da graça?
Conheço uma Graça
que é muito grossa.
A Graça não grassa,
Não faz nada de graça.
Não dá o ar da graça
a Graça.
Não ri nem pela graça
a Graça.
Será desgraça?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Superstições

Ontem saí de casa com uma lista quase infindável de coisas a fazer. Tinha caminhado um quarto do caminho quando vi um ponto preto longe, uma bola preta, um bichano, gato. Não sei por que, fixei os olhos nele, enquanto me aproximava. Faltava mesmo bem pouco para cruzarmos quando ouvi:
- Me leva pra casa.
Olhei prum lado; pro outro...
- Me leva pra casa.
Era o gato.
- Não estou indo pra casa. Tenho um monte de coisas para fazer na rua.
- Quem disse que estou pedindo? - disse o gato. - Você sabe o que vai te acontecer se passar por mim e não me levar?
É mole? Eu estava sendo chantageado por um felino. Senti um frio na espinha.
- Você não tem dono?
- Se tivesse, estaria dizendo pra você me levar pra sua casa?
O gato era dos meus. Decidido.
- Posso levar você pra minha casa, mas é você que vai ter que me seguir, ok?
- Ok. Combinado.
- Mas antes, vou fazer tudo o que preciso fazer. Vai me acompanhar?
A cena era engraçada. Eu caminhando e o gato preto ao meu lado. As pessoas passavam e arregalavam os olhos, outras tropeçavam, outras davam gritinhos assustados.
- Tô começando a gostar de você. Vai ser divertido isso! - Falei.
- Tô te dizendo, cara... - falou o gato, cheio de si.

domingo, 5 de setembro de 2010

Vasto Mundo

Até os 23 anos, o meu mundo era uma rua que se chamava São Raimundo, número 60, Lago da Pedra, Maranhão. Morava num bairro em que todas as ruas tinham nomes de santo. Uma rua de ladeira que, subindo ia dar na rodoviária; descendo, ia dar num lago pantanoso. A Rua São Raimundo na década de 80 era uma rua esburacada. Não eram buracos pequenos e sim, crateras. Quanto mais chovia, mais os buracos cresciam. Carros passavam com dificuldade, e não foram poucos os que pararam dentro das crateras. Depois veio o calçamento, com pedras escuras, daquelas que fazem estrago na perna de um desavisado. Mas o engraçado é que justamente na frente da minha casa, a pedra escura faltou e eles colocaram uma branca, lisinha, linda. Motivo de orgulho pros moradores do início da rua e de invejas pros de cima.
Uma vez, decidi que ia embora. Foi fácil. Só subi a rua, cheguei na rodoviária, comprei uma passagem pro sudeste, me despedi da família e dos amigos e vim embora, sem olhar para trás, com medo de virar estátua de sal: "Mundo, mundo, vasto mundo. Se eu me chamasse Raimundo, seria rima, não seria solução". Ai Drummond, poeta querido, você se chamava Carlos; eu, Cláudio. Mas sei o quanto o nome do santo me deu impulso.
Depois que saí de lá, colocaram asfalto. E juro que fiquei decepcionado quando retornei e vi o breu escuro tomando conta dela. Ela não era a rua da minha infância. A rua São Raimundo não existia mais diante de mim. Ficou para sempre escondida na minha memória.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

NOVA BANDEIRA DO BRASIL


Está em tramitação no Congresso um projeto de lei para mudar a bandeira nacional. A proposta faz uma crítica às cores verde-amarelo, que não representam a essência do povo brasileiro, um povo quente animado. Nem há uma ligação com o nome do país. A cor de destaque seria, portanto, o vermelho, que simbolizaria duplamente o sangue do povo miscigenado, além do calor tropical do território. Mas, sobretudo, o vermelho estaria ligado historicamente à árvore que deu origem ao nome do país: o pau-brasil. Era dessa árvore que se tirava a tintura vermelha, muito apreciada na Europa do século XVI. A esfera azul com a faixa “Ordem e Progresso”, que foi lema positivista e não tem mais sentido na sociedade atual, seria substituída pelo escudo nacional.

O projeto prevê também a alteração na letra do hino nacional, segundo o projeto, de difícil entendimento, com frases invertidas e palavras que já não fazem parte do uso cotidiano. A ideia é refazer a letra, atualizando-a para o português contemporâneo. Um exemplo da dificuldade de compreensão da letra está logo no início: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/de um povo heróico o brado retumbante”. Mais sentido teria se estivesse na ordem direta: “As margens tranquilas do Ipiranga ouviram/o grito retumbante de um povo heroico”.

Tudo indica que haverá um plebiscito para escolha da nova bandeira e da nova letra. Os brasileiros irão às urnas para escolher se querem ou não a mudança.
E você, o que acha disso?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A medida do tempo

Com que olhos você vê o mundo? E qual é a medida de todas as coisas? Não, ninguém percebe o mundo da mesma maneira. E isso é assustadoramente grandioso. Um enigma que talvez não se explicará jamais. Tempo e espaço são convenções do humano. Quem achou que aprisionaria o tempo numa ampulheta ou relógio? Quem achou que observando o moviemento dos astros estaria capturando o tempo? Engano. Porque o tempo esteve o tempo todo dentro de cada homem, dentro, bem no fundo, lá onde o homem se sente homem, ex-istente.

Então, se o tempo está no cerne de cada ser, não há medida. Quando estamos à espera de quem amamos, os segundos mais parecem horas. Às vezes, parece que tudo está congelado, estático. E quando estamos, fnalmente, ao lado de quem amamos, parece que o tempo corre a toda ligeireza. E no entanto, os relógios continuam no mesmo tom. Cadê a consistência do tempo? Fragmentou-se, esfarelou-se diante do ser que o contém: o homem.

E o espaço? Quem nasceu em lugar pequeno e teve que sair para grandes centros deve ter percebido uma sensação estranha. O seu lugar, que antes parecia grande, torna-se pequeno diante da descoberta de outro lugar maior. Parece que o olhar desacostuma a vista. Parece até que faz isso de propósito, para que o homem note que a paisagem dentro dele é infinita e caberá quantas paisagens houver.

Então, uma manhã não é só uma manhã. E o nascer do sol, com toda sua generosidade, não é o mesmo todos os dias. Numa cidadezinha o sol é maior. É o presente do pequeno: ser generoso e deixar a grandiosidade estabelecer-se. Então aquele olhar e o sorriso de uma pessoa estranha não são meros olhares e sorrisos: são presentes da vida, instantes de um espaço-tempo que homem algum deve desperdiçar. Então andar com a cara pra cima nas ruas escuras de uma cidadezinha não é prova de tolice. É a certeza que nosso olhar buscará e encontrará muitas estrelas (algumas cadentes até). E esse olhar será saudosista, pois o homem desejará voltar para o lugar de onde veio: as estrelas.