quarta-feira, 12 de outubro de 2011

sobre asas e sonhos

Uma ventania rugiu na minha janela durante a madrugada e, com mãos cíclicas quase quebrou a vidraça. Uivos lancinantes ecoavam amedrontando as árvores. As estrelas sumiram num instante sob um toldo cinzento. Acordei todo nublado.
Minha casa anda tomada por seres alados. Há muito tempo é assim. Eles vêm não sei de onde, entram pela varanda e voam labirinticamente pelos cômodos. Às vezes, pousam nas frisas da janela e ficam ali, observando o que os humanos fazemos. Sinto que eles nos olham com uma certa piedade e admiração. Piedade porque, grandes que somos, nos tornamos pequenos na ausência de asas. Fiquem aí, camaradinhas, e me emprestem suas asas para o meu sonho.
 

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