quarta-feira, 7 de maio de 2008

Dia do Silêncio


O que dizer no dia do silêncio? Podia colocar um monte de pontinhos nesta página. Mas os pontinhos dariam idéia de ruído. Não serviriam. Silêncio é ausência de som. Podia preencher a página de zeros, conjunto vazio. Mas não, silêncio é um vazio cheio. Lembrei de um poema, feito há algum tempo. Num mundo tão barulhento, é necessário festejarmos o silêncio. Quando as bocas calam e as máquinas cessam, só uma voz deve cantar.

Sinfonia de Silêncios

Eu procuro, há tempos, fabricar silêncios.
Não tiro o mérito das palavras
Mas quero enchê-las de silêncios
Quando as palavras calam, os silêncios dizem muito.
Quero o silêncio do olhar a janela da manhã
Ao sentir o sol e a vida correndo atrás do tempo
Quero o silêncio do ver as ondas do mar se debruçando sobre a areia
Quero o silêncio da grama do parque ao ser pisoteada pelas crianças
Quero o silêncio do mirar o rosto de quem amo
Quero o silêncio do transpor o meu ser para mergulhar nos braços do Criador.
Quero o silêncio duro de uma rocha resignada a resistir
Quero o silêncio suave da folha que cai para tornar-se adubo
Quero o silêncio humilde do grão de poeira levado pela sandália do viajante. Quero o silêncio da noite do campo olhando as estrelas
Enfim, quero compor a mais bela sinfonia silenciosa
E tecer o texto mais perfeito da matéria silêncio
Silencia, minha alma, para que eu seja
E o mundo também.

Nenhum comentário: