quinta-feira, 8 de maio de 2008

Quero o dedo de volta

Dedo-mindinho-seu-vizinho-maior-de-todos-fura-bolo-mata-piolhos. Tô com vontade de dar o dedo pra alguém. Daquele jeito, mirando o dedo médio, o maior-de-todos, bem esticado assim... Toma! Era tão bom... Mostrar o dedo era o mesmo que dizer: "Tô nem aí pra você". Era como dar porrada sem doer doendo. Era o mesmo que mandar fulano praquele lugar, sabe?! Toma! Vai catar coquinho e me deixa na minha.

O dedo mandava toda a energia negativa da gente pro outro, e criava uma bolha invisível de proteção do dedo do outro. Ah! tinha também aquela de encostar os dedos fura-bolo e mandar o fulaninho partir com o fura-bolo dele: "Parte aqui!" E pronto, estávamos intrigados até quase-nunca-logo-depois. Era com esse mesmo dedo que a gente lambia os doces e bolos feitos pela mãe e levava bronca. E não era ele que a gente metia na cara de um só pra impor respeito? Eita dedo bom esse... Era bom levantar o dedão e dizer: "Legal". Era assim que o pai fazia, sem dizer uma palavra, só com o dedão erguido fazia a gente feliz. Depois de adulto, dedo só serve mesmo pra pegar as coisas. Não é mais símbolo de nada.

Quero meus dedos de volta.

Um comentário:

claudio rodrigues disse...

Ah, esqueci de dizer. Se o leitor se ofendeum com este texto, já sabe. Dedo.