quinta-feira, 15 de maio de 2008

Santas sem religião


Os santos. Antes de receberem o aval da igreja são homens comuns, com todos os defeitos e qualidades próprios do ser humano. Mas quero aqui falar de outros santos, que nós nutrimos dentro de nós, que nós exteriorizamos com nossas atitudes ontem, hoje e sempre.
O primeiro deles é a Santa Paciência. Ela realmente deve ser venerada, glorificada e posta no altar de nossa consciência. Quem está irmanado nesta santa, sabe o quão é díficil suportar as relações cotidianas sem a presença dela como guia. Bendita seja, Santa Paciência. Ave Paciência, cheia de graça, que o Criador esteja contigo. Bendita és tu entre todas as santas e bendito é o fruto do teu trabalho em nós. Rogai por nós, pecadores impacientes, quando não tivermos um pingo de tua essência, agora e na hora das nossas vivências. Amém!
Agora cabe falar da Santa Ignorância. Sim, pois ela é santa também. Não confunda esta santa com a burrice, certo? É com Santa Ignorância que nós nascemos, limpíssimos de conhecimento. Essa Santa nos abandona as poucos para que cresçamos como seres dotados de inteligência. Mas não nos deixa sozinhos, está sempre vindo ao nosso alcance, para que não nos sintamos mais deuses do que homens. Ela não quer de nós orações em alta voz. Nossos louvores a ela devem ser silenciosos, para o nosso bem. Ninguém precisa saber que somos devotos da Santa Ignorância. Por isso, Abençoada seja, Santa Ignorância, por nos mostrares o tempo todo nossas imperfeições e incapacidades. Amém!
Qual o humano que não rende homenagens à Santa Curiosidade?! Ela realmente está no altar da humanidade, ladeada de flores e velas. Pois sem ela certamente o homem não haveria progredido. É esta venerável Santa que nos acompanha principalmente quando somos crianças. Ávidos por conhecer tudo, ela, com suas asas protetoras, nos toma pela mão e nos conduz dizendo: "Vá, meu filho, pule, corra o risco em meu nome, busque o novo". Amada seja, ó doce Santa Curiosidade. Amém!
Santa Honestidade. É a ela que rogamos nas horas em que devemos provar realmente quem somos. É a ela que recorremos quando nossa honra está posta em xeque. Nossa oração a ela não deve ser em tom de súplica, mas de agradecimento. Ação de Graças: "Graças e louvores vos damos, ó Santa Honestidade, por afugentar-vos de nossa frágil humanidade os demônios da Arrogância, da Mentira e da Falsidade. Graças por nos fazerdes com um coração puro, límpido como água cristalina". Por isso, abençoada seja. Amém!
Por fim, entre tantos e tantas santas, destaco Santa Alegria. Que seria do homem sem a dádiva do riso? Que seria da humanidade se as bocas fossem mudas, se não demonstrassem felicidade? É a Santa Alegria que cura nossas tristezas, que alivia nossas dores, que clareia nosso íntimo. Salve Alegria, hoje e cada dia, na boca do pobre, na boca do rico, na boca com dentes, na boca desdentada. Mãe dos palhaços, padroeira dos circos, senhora dos espetáculos. Faz com que vejamos a vida como ela deve ser: palco, picadeiro e risada. Amém.
Por isso, vamos rezar esta ladainha, para que sejamos dignos das harmonia na terra.
Santa Paciência, rogai por nós. Santa Ignorância, tende piedade de nós. Santa Curiosidade, intercedei por nós. Santa Honestidade, livrai-nos do mal. Santa Alegria, rogai por nós. Amém.

Nenhum comentário: