domingo, 11 de julho de 2010

Memorial

A verdadeira imagem do passado perpassa, veloz.
O passado só se deixa fixar,
como imagem que relampeja irreversivelmente,
no momento em que é reconhecido.
(Walter Benjamin. Sobre o conceito de História)



Estou pegado fazendo um memorial. Engraçado isso. Você precisar narrar sua vida. O que contar? O que dizer? O que omitir? O que dar relevância?
Percebo o quanto uma biografia ou uma autobiografia nunca é de fato a experiência que foi. A palavra é maior, engrandece tudo, colore e um fato aparentemente tão insignificante ganha um poder tão grande que não cabe mais na lembrança do narrador. Ficou maior que ele. "Viver é muito perigoso", disse o Rosa. Mas contar o que se viveu é muito mais. Perigosíssimo. Leio o meu memorial e percebo que ali está um personagem que eu construí. E não menti em momento algum. Não inventei nada. Não fiz nada além do que as reminiscências me mostraram.
Virei um personagem nas mãos da palavra.

3 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Linda a frase final, C.

Anônimo disse...

Olá, Cláudio!

Depois quero conhecer seu memorial.
Como você mergulha fundo no mar das palavras. Mas se a poesia é uma ilha cercada de palavras por todos os lados, é isso que nós leitores e escritores (no seu caso) temos mesmo que fazer: bracejar nesse mar de palavras.

Izael Oliveira

Anônimo disse...

Olá, Cláudio!

Depois quero conhecer seu memorial.
Como você mergulha fundo no mar das palavras. Mas se a poesia é uma ilha cercada de palavras por todos os lados, é isso que nós leitores e escritores (no seu caso) temos mesmo que fazer: bracejar nesse mar de palavras.

Izael Oliveira