terça-feira, 21 de junho de 2011

O traço e a traça

Uma traça, que acabara de escolher um gordo livro para jantar, se deparou, de repente, com um traço em meio aos fios de frases macarrônicas. Ele olhou para ela. Ela olhou para ele. Amor à primeira vista? Não sei. Vamos acompanhar o encontro:
- Quem é você? - perguntou o traço.
- Sou uma traça - disse a traça. - E você, quem é? - perguntou ela.
- Sou o traço. - disse o traço.
- O que faz você aqui? - Quis saber o traço.
- Eu traço as gostosas páginas deste livro. - disse a traça. E você? Que faz? - perguntou ela.
- Eu traço as belas páginas deste livro. - respondeu ele.
- Ah, é? Fazemos a mesma coisa? - perguntou ela, curiosa.
- Acho que não - respondeu ele. - Minha função é cortar a frase para inserir algo.
- Não me diga! - exclamou a traça, convencida de que havia encontrado sua alma gêmea. - Pois eu também faço a mesma coisa: corto a frase bonitinho e insirou-a em outro contexto.
Intrigado, o traço continuou:
- Mas explique como você faz isso mesmo...
- É pra já, disse a traça. E começou a traçar o fio da frase em que o traço estava.
Mas ela não contava com uma coisa: que o traço atravessaria sua garganta.
A traça traçou o traço ou foi o traço quem traçou a traça?
Era uma vez uma traça. Era uma vez um traço.

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