quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre o "talvez"

Não gosto da palavra talvez, que me coloca numa situacão de indefinição. O trapezista, na corda bamba, tentando se equilibrar. Quando me jogam um "talvez" eu desequilibro o sujeito bonitinho; é melhor saltar logo para o precipício do que insistir em permanecer no ar com esses braços abertos a modo de ave sem asas. O talvez não equilibra ninguém. Não faz de ninguém um sujeito apresentável, não fornece a ninguém um estatuto de sossego porque sua natureza é desassossegada. Quem há de aceitar um "talvez" como resposta absoluta? No talvez não mora certeza alguma. Quente ou frio, morno jamais! Sim ou não, talvez é ofensa gravíssima digna de um chamamento para um acerto de contas. Quem abre a boca para pronunciar "talvez" devia limitar-se ao silêncio cavernoso, para não dizer obsequioso. Quero o sim ou o não. Quero o vou ou não vou. Quero o posso ou o não posso. Quero o sei ou o não sei. Talvez é ofensa. Coisa de quem nasceu para ver a vida acocorado em cima de um muro.

Um comentário:

Ana Tapadas disse...

De acordo! Prefiro o imediato não sobre o meu maior desejo...

bjs