terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Momento

No momento não posso. Mas é só neste momento. Quem sabe depois. Quem sabe amanhã, assim que os primeiros raios do sol espalharem fios de ouro pelas bordas das montanhas. Ou quando a estrela da tarde despontar diáfana, feito água-viva. Ou quando a noite trouxer o manto da brisa, amorosamente gélida. Mas no momento não posso. No momento só posso estar em contemplação, escondido na minha própria fractal, persuadido pelas vozes que me habitam. Não sou silêncio. E o vazio não me vem como tsunami porque estou cheio. Nada me atinge. Nem a força de mil sóis. Nem as chamas do Etna. Nem uma nova Big Bang. Nem a notícia de que os cientistas encurralaram a "partícula de Deus". Nada me dilacera a alma. Este momento é só meu.

Nenhum comentário: