quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

vento



Porque tudo é trânsito e passagem.
Não devo me apegar a nada que não seja pés e asas e sonho. E o que não se vê tem o peso brutal de toneladas. O que não visto, que nos rodeia, o oxigênio incolor porque tem todas as cores e cheiros e sabores reunidos na essência que pura doação.
Se assim não fosse , se o visível, já queríamos prendê-lo, dividi-lo em pedaços, compartimentá-lo igual latas de conserva das prateleiras dos supermercados.
Mas tudo não vai ser mais. Tudo será o não-ser e é para isso que caminhamos, todos, bichos, homens, plantas, pedras. Escuto o barulho do vento. Sinto seu sopro no rosto. Escuto e sinto, mas não o abraço enquanto sigo. Ele é que me abraça.
Então, como posso não perceber que esse abraço é que me mantém?

Um comentário:

Ana Tapadas disse...

O texto é lindo. A minha relação com o vento, complicada. Gosto de longos e quietos dias de sul e sol...

Beijinho com saudade.