sexta-feira, 6 de abril de 2012

paixão

Ontem foi dia do beijo de traição mais famoso dos tempos. Ontem foi dia do jantar mais lembrado dos últimos dois mil anos. Ontem foi dia de um gesto simples e profundamente significativo: um deus que se curva e tira a poeira do pé do humano para que este siga adiante. E hoje é um dia insólito. Sempre o achei assim. Porque parecia covardia de minha parte deixar aquele deus humanado carregando, sozinho, o peso da cruz, e sendo flagelado, e morrendo pelos outros. No entanto, o que mais me instigava era pensar que um pai quis que seu filho único passasse por isso: "vai, meu filho, vai para a Terra, sofrer a dor dos homens. Vai, ser traído. Vai, ser achincalhado. vai morrer em meu nome?" Por que o deus maior não veio, ele mesmo, sofrer tudo isso? incômodo demais para mim isso, sempre foi e é. É assim que age um deus apaixonado? Vai ver paixão é sofrimento maior que amor.

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