sexta-feira, 19 de março de 2010

São José

Dia do padroeiro. Quando o sol vira uma bola de sangue e mancha o céu do entardecer, as pessoas caminham pelas ruas íngremes da cidade. O sino da igrejinha bate, avisando que é hora da procissão.
O andor vai à frente, e a romaria dos esperançosos principia. Um rio de gente passa pelas ruas estreitas e tortuosas propagando-se em ondas de fé. E nos becos e esquinas os afluentes desembocam no cordão humano.
O sol já se foi, e as velas tornam o momento mais sublime. cheiro de luz, cheiro de flores, cheiro de incenso fumegante: os aromas se fundem como oferenda e elevam-se aos céus.
Cidadezinha das pedras, tão pequena...Tão absurdamente repleta de enlevos e tão teimosamente sagrada... Vai seguindo o percurso enquanto professa a ladainha de todos os santos, de todos os anjos, de todos os homens, de todos os dias.
Junto ao santo estão Raimundo e Maria, Pedro e João, Miguel e Isabel, Cosme e Damião. São mártires diários de uma sitema desumano. Seguem ecoando a música dos anjos: "Glória a Deus nas alturas..." E sua oração transforma a cidade num solo sagrado: o próprio céu de glória.
(Esta igreja é a matriz de São José de Ribamar, no Maranhão)

2 comentários:

Ana Tapadas disse...

Que texto tão comovente! A tradição, a cor, a fé dos simples...que bom retorno.
beijinho

Gerana Damulakis disse...

Linda a igreja. Vc me comoveu.