terça-feira, 9 de novembro de 2010

desejos

Hoje acordei com um desejo novo. Um desejo insólito. Um desejo que não sei se tem cacife para ser realizável. Era um desejo de grávida. Um entojo. Um engulho me assomando. Uma cólica no inconsciente me atiçando o juízo.
Desejo só é bom quando tem um quê de realização. Mesmo que leve anos ou décadas para ser concretizado. O meu desejo, porém, é inimigo do tempo. Quanto mais o tempo passa, mais ele ganha dimensões de nada. Razão inversamente proporcional. Mas é que o tempo nunca anda para trás. E meu desejo tem olhos no que já foi, não tem cara de futuro, tem olhos atrás da cabeça. 
Acordei com sede. A boca seca. Fui até a geladeira, peguei a jarra, bebi toda a água. E a sede não cessou.  Fiquei confuso e intrigado. Então eu não sabia mais nem traduzir minhas ausências?!
Foi então que me olhei no espelho. E a sede se mostrou em toda sua plenitude. Era a sede da juventude. Onde eu perdera a fonte?

(crédito da imagem: A persistência da memória, Dali)

2 comentários:

Soneca disse...

oi, claudio, bem legal o texto! e a relação com o dali! gostei. parabéns. abração

Soneca disse...

ih, ahahahaha, o cara antes aí, claudio, sou eu, pucheu... abração